CAPIM VETIVER;
O vetiver, uma gramínea de origem indiana, conhecido no mundo científico como Vetiveria zizanioides, tem sido utilizado para diversas finalidades, como aromatizantes, perfumes finos, planta medicinal e protetores do solo. Entretanto, o vetiver tem sido plantado nas margens de rios e lagos. O grande sucesso desse capim é na estabilização de taludes, proteção do carreamento de sedimentos para os cursos d’água e, consequentemente, proteção contra as erosões superficiais.
Especiais Características Morfológicas
- Nome Científico: Vetiveria zizanioides
- Nomes Populares: vetiver, capim-vetiver, capim-de-cheiro, grama-cheirosa, grama-das-índias, falso-pachuli, raiz-de-cheiro
- Família: Poaceae
- Gênero: vetiveria
Planta herbácea, perene, cespitosa (em moita), que chega a atingir cerca de 2m de altura, com raízes que podem penetrar até 3m de profundidade.
Raízes
As raízes do vetiver são extensas e profundas, crescem até 3cm por dia e atingem de 2 a 3m de profundidade no primeiro ano de plantio, e podem alcançar até 6m de extensão. As raízes não entram em dormência, mesmo em baixas temperaturas do solo (15C° de dia e 13C° de noite). Ainda nestas condições, foram registradas taxas de crescimento radicular de 1,26mm/dia.
O extenso alcance das raízes do vetiver, em profundidade, lhe confere uma surpreendente capacidade de resistência à seca prolongada e uma extraordinária capacidade de recuperação após sofrer estresses, como queimada, pastoreio intensivo, alagamentos, etc. A espécie já demonstrou uma enorme qualidade de resistência ao ataque de pragas e doenças e ao acamamento por fortes ventos.
A raiz do vetiver apresenta um poder de penetração impressionante e de tamanho vigor, que pode, inclusive, transpor camadas com impedimentos rochosos. O sistema radicular agregante de solo forma um grampeamento natural muito difícil de ser desalojado, como “grampeamento do solo”.
Controle da erosão
Algumas das características do vetiver fazem desta planta um excelente meio de controlar a erosão nos climas mais quentes. Ao contrário das outras ervas, ele não ganha raízes horizontais, crescem quase que exclusivamente na direção vertical para baixo.
O plantio de cordões do vetiver tem se mostrado eficiente na conservação do solo e da água em várias regiões do mundo, devido à elevada resistência ao arrancamento pelas enxurradas, característica proporcionada pelo seu extenso e resistente sistema radicular, que estabiliza a planta e agrega o solo. Em virtude de seu rápido crescimento, formam-se rapidamente densas touceiras que criam barreiras às enxurradas.
Pesquisas mostraram que esta espécie é também capaz de recuperar áreas degradadas com o aumento da agregação do solo e o consequente aumento da infiltração da água e redução das enxurradas.
Plantio
A fixação biológica de nitrogênio atmosférico e do fósforo, por meio da associação de bactérias e fungos simbióticos das raízes, permite ao vetiver vegetar em, praticamente, qualquer tipo de terreno, pois ele tolera solos de baixa fertilidade e com valores extremos de pH, salinidade e toxidez.
Clima
Extremamente rústico, o vetiver é simultaneamente hidrófilo e xerófilo, além de resistir a extremos hídricos (300–3.000 mm/ano) e também tolerar extremos térmicos (-14ºC a +55ºC).
Grupo Ecológico – Pioneira
Espaçamento
O espaçamento de plantio para a produção de mudas de vetiver é de 50cm entre plantas e entre linhas. Nas intervenções ambientais, o mais indicado, é o de sete plantas por metro linear e a distância entre linhas dependem da inclinação do talude, posicionado em linhas transversais, ou seja, no sentido horizontal de “cortar as águas”. O número e o intervalo entre as fileiras dessecapim variam conforme as características do lugar (de 0.80 – 5m entre as fileiras).
Fitorremediação de áreas contaminadas
O vetiver é uma planta xerófita e hidrófita e uma vez estabelecida na área não é afetada por secas e inundações. Suas características no tratamento de áreas contaminadas são:
- tolerância à acidez e a níveis altos de alumínio e magnésio. O crescimento e desenvolvimento do vetiver não são comprometidos em condições extrema de acidez (pH até 3) e com alta porcentagem de saturação de alumínio de 68%. Pode tolerar níveis altos de magnésio no solo, acima de 578 mg/kg;
- tolerância a altos níveis de salinidade;
- cresce em solos sódicos desde que haja disponibilidade de níveis adequados de N e P;
- tolerantes a metais pesados: As, Cd, Cr,Cu, Hg, Ni, Pb, Se e Zn.
Apenas 1% dos elementos Cd, Cr , Hg e 16% a 33% dos elementos Cu, Pb, Ni e Se são translocados para a parte aérea. O elemento Zn possui boa distribuição ao longo da planta. Essas extraordinárias características fazem o vetiver ser utilizado na reabilitação de áreas contaminadas na Austrália, no Chile, na África do Sul e na Venezuela.
Conclui-se que, o capim vetiver é uma planta chamada de milagrosa por suas inúmeras utilidades e sua grande importância em várias áreas de aplicação. Atualmente, no Brasil, o seu uso principal é na aplicação (Sistema Vetiver), em estabilização de taludes e recuperação de passivos ambientais causados por estradas. Configura-se numa importante alternativa de controle dos solos aos processos erosivos e de estabilização de taludes, com baixo custo de implantação e manutenção, alta eficiência e grande potencial de aplicação no Brasil, especialmente, em regiões de solos com textura arenosa, suscetíveis à erosão.
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